O problema da solidão na
viuvez! Casar ou não casar?
Heloiza
Helena R A Pimentel
Quando você vive muito tempo num
casamento e é feliz, como eu fui, o grande problema é seguir em frente, na sua
caminhada... Quanto tempo teremos? Não sabemos. Só Deus tem essa informação,
sabemos que Ele está ao nosso lado, temos fé suficiente para enfrentar a vida.
Mas, porque Ele nos ensinou a viver
junto com alguém, e nos deixou ser tão feliz? A coisa mais difícil para mim é
chegar em casa, abrir a porta e não ter ninguém para conversar... Você sabe o
que é isso? Sei que muitas que leem esse artigo, já tiveram essa sensação.
Meu esposo, Pr. Belardin de Amorim
Pimentel faleceu, e passados alguns meses, surgiram algumas pessoas
interessadas em saber se eu queria casar-me de novo, e eu sinceramente, disse
que não queria naquele instante, e ainda não quero hoje.
Mas, esse interesse de alguns,
despertou-me para o fato de muitas mulheres, divorciadas, viúvas, ainda jovens
que querem se casar, ficarem temerosas... Começar uma nova experiência?
Arriscar-se mais uma vez? Outro pai para os seus filhos? Segurança financeira?
Quantos motivos!
A primeira resposta será alcançada
ao saber a vontade de Deus para a sua vida. Qual é a vontade d’Ele para você?
Muita oração, muita Leitura bíblica e muitas horas de comunhão com Deus, serão
necessárias, para obter um discernimento correto sobre esse assunto.
Ruth, a moabita, era viúva,
resolveu ficar com sua sogra, e por causa dessa decisão, teve de voltar com ela
para uma terra desconhecida, numa época de fome e miséria para sua família. Mas
interessante, é que ela não se isolou, ou permitiu que a depressão e a tristeza
tomassem conta de sua vida. Ela seguiu trabalhando e se comunicando com o
mundo. Quando encontrou Boás e despertou o seu interesse, não podia casar-se
com ele, pois, por lei pertencia a outro...
Que confusão! Mas o final é que Boás, lutou
por ela, adquiriu o direito ao casamento e assim, com ela constituiu uma nova
família, sem nenhum trauma, mas com gratidão a Deus. Ela então, por assumir a
continuidade da sua vida, entrou na linhagem do nosso Senhor Jesus.
Ao ler a história, observamos o fato
de que em nossos dias não é tão fácil arranjar um pretendente, como nos dias de
Ruth que tinha dois... Por isso, o fato de ficar só sem o marido, afeta muito
qualquer mulher em todos os aspectos de sua vida, emocional, material, social e
espiritual,
1.
Emocional, por que no casamento levamos algum tempo para aprender a
viver junto, e com a morte do cônjuge, é preciso aprender de novo a viver só.
2.
Material, porque a pensão, será menor do que o que era recebido antes, e
também você não terá mais a ajuda física do seu marido.
3.
Social, você agora será uma pessoa só, muitas vezes esquecida por outras
pessoas com as quais esperava contar nessa fase, e infelizmente, até evitada
por outras que a veem como ameaça aos seus relacionamentos.
4.
Espiritual, muitas vezes, você estará desanimada de ler a Bíblia, de
orar até de crer, devido a falta que sente do seu cônjuge, mas aprenderá com o
tempo que só com a ajuda de Deus, com a leitura da sua Palavra e com o tempo
que dedicar para uma melhor comunhão com o Senhor, é que terá sucesso em
atravessar essa difícil fase na sua vida.
O luto pode durar até seis anos, de acordo com
as caraterísticas de sua personalidade. Asvezes nos enganamos com pessoas que
aparentemente se ergueram depois da perda, e de repente, quando ninguém espera,
desabam.
O que elas menos precisam nessa fase
é de julgamentos prontos. A família terá o papel principal quanto ao apoio e ao
encorajamento, por que decisões antes compartilhadas, agora terão de ser
tomadas individualmente, e o assumir dos resultados não será também mais
dividido, mas cairá com todo peso sobre os seus ombros.
O fato de morar
sozinha, traz consequências boas e más:
As boas são; O fato
de não ficar dependente dos outros e o assumir o controle de sua vida.
As más; Quando ao
morar com os filhos, deixar escapar de suas mãos o controle da sua vida; ou quando
não valorizando as coisas pequenas, perdemos o que foi acumulado em anos de
vivência com o esposo que se foi; ou ainda quando esquecemos o compromisso com
a nossa própria vida, e queremos resolver problemas de filhos e netos,
esquecendo que temos um futuro bem próximo de incertezas à nossa frente.
Mesmo quando as pessoas por sua
personalidade forte se adaptam muito bem à nova realidade, e são acolhidas,
ainda assim, sempre será, uma nova realidade difícil de enfrentar. Com muita
calma e oração como já dissemos anteriormente, é que deverão ser tomadas
decisões mais importantes.
A viuvez traz
surpresas inesperadas para a mulher, antes dependente, e que de repente, passa
a duras penas, a ser a administradora do lar. Muitos problemas surgem por causa
de não saberem lidar com esse fato. Uma ajuda será necessária, até que brote a
capacidade de andar com os próprios pés. Eu falo isso, por experiência própria:
saí de minha casa, fiz uma mudança que depois me arrependi, tendo que desfaze-la,
e com isso, gerei um custo com o qual tive de arcar. Errei depois em muitas outras
coisas, pois estava acostumada a compartilhar e não em dirigir e ser
responsável por todas as decisões tomadas.
O difícil é que
temos de falar com pessoas, fazer amizades, numa hora em que na maioria das
vezes, queremos estar sozinhas. É muito difícil lutar contra nós mesmas... As
pessoas de fora, não entendem o que se passa no nosso interior e fazem mil
sugestões, que não nos ajudam em nada, embora reconheçamos que essa era a
intenção. No período do luto, parece que só queremos ficar com as nossas
lembranças, e qualquer coisa diferente parece ser um sacrilégio, é como se
fosse um pecado o fato de termos continuado a viver. Muitas pessoas, ignorantes
desse fato, querem ou são aconselhadas a pular essa fase normal do luto, só que
isso, em vez de ajudar, prejudica o indivíduo.
A solidão, é doída, mas, tem que ser
enfrentada com sabedoria, coragem e determinação porque ela pode ser a porta
para uma depressão terrivelmente perigosa em todos os sentidos. Não podemos
nos entregar a tristeza, mas respeitar os momentos em que ela vier com
naturalidade, chorando ao sentir vontade, não guardando nada no coração, deixando
o sentimento fluir e aos poucos, transformando-o em algo benéfico e
restaurador. Você irá perceber que a dor vem cada vez menor, se tornando mais
leve e suave. É claro, que as lembranças boas vão ficar, mas virão não mais
acompanhadas pelo sofrimento. Teremos de nos conscientizar e tomar posse da
permissão divina na continuidade de nossas vidas, e isso nos mostra que a nossa
missão ainda não acabou. Temos então que deixar os “porquês” e descobrir o que
Deus ainda espera de nós?
Muitas mulheres ainda novas, ficam
viúvas, e muitas delas, tem o desejo de casarem-se novamente, mas, tem medo por
muitas razões... Como enfrentar uma nova experiência? Eu aconselho que seja só
com a aprovação do Senhor, por que isso, não é uma decisão que pode ser tomada
de maneira apressada, pois, existem muitos fatores a considerar:
1) O casamento em segunda estancia deve
ser feito, com separação total de bens, pois assim, não trarão problemas para
os filhos ou para a família.
2) Total conhecimento da pessoa com a
qual será feita a união, com relação a saúde ou a parte financeira de ambos
para que seja conhecida a realidade que será enfrentada.
3) Total comunhão espiritual, social e
emocional quanto aos alvos de cada um. É
necessário um conhecimento profundo da outra pessoa.
4) Total comprometimento com a verdade
em relação a conversar sobre qualquer assunto antes que ele se torne um
problema.
5) Um compromisso de abandono às
comparações com o passado, pois a experiência em questão será completamente
nova, sem nenhuma ligação com a vida anterior de ambos.
6) As duas partes devem buscar ao Senhor
para n’Ele encontrarem a Sua aprovação.
7) Não se case por segurança financeira,
só se case por amor, o nosso sustento vem do Senhor que conhece todas as nossas
necessidades e provê tudo o que precisamos.
8) Se você tem filhos menores, avalie
bastante o caráter, a personalidade, as convicções, o compromisso espiritual que
a outra pessoa tem com Deus, pois é essa pessoa que você vai colocar dentro da
sua casa, e oferecer aos seus filhos como pai.
Mas, se você decidiu seguir a sua vida sozinha,
peça a Deus também a sua orientação e viva na Sua dependência. Organize-se, construa
metas a serem atingidas e vá conquistando-as passo a passo. As cartas de
Timóteo e Tiago nos provam o quanto Deus, tem cuidado conosco, as viúvas. Por
isso, temos de confiar no Senhor.
Na
multiplicidade de dons, certamente Ele dotou a você com alguns deles, use-os
para servi-Lo, no Seu reino, encontre a felicidade em ajudar aos outros.
Procure sentir alegria em servir, reparta a sua habilidade.
Então,
concluímos que o fato de ser feliz de novo, não está em casar-se novamente ou ficar
só, a resposta a essa questão, está no ensino de Jesus quando nos diz que fazer
o bem, nos traz alegria. É quando descobrimos o outro, independente de nos
casarmos ou não, e fazemos algo em prol de sua felicidade é que ganhamos um bem
estar sem fim,
Às vezes, com atitudes simples como ouvir, visitar,
orar ou dar alguma ajuda necessária... Temos que procurar a felicidade dentro
de nós mesmas, e ao encontrá-la, aí sim, poderemos reparti-la com as outras
pessoas, independente, de ser cônjuge, ou não.
Viver só, não é fácil, exige um aprendizado a
cada dia, mas se tivermos paciência, aos poucos com a ajuda e orientação de
Deus, subiremos cada degrau com segurança e assim aos poucos, nos tornaremos
capazes de tomar posse do nosso novo estilo de vida.
Leituras sugeridas:
O livro de
Ruth; Salmo 46; Salmo 34; Salmo 40; Salmo 90; salmo 91; Salmo 126; Salmo 136. Cartas
de I Timóteo e a de Tiago. Se quiser falar mais sobre o assunto, estou à sua disposição heloizapimentel@yahoo.com.br.
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