sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O problema da solidão na viuvez! Casar ou não casar?
Heloiza Helena R A Pimentel

Quando você vive muito tempo num casamento e é feliz, como eu fui, o grande problema é seguir em frente, na sua caminhada... Quanto tempo teremos? Não sabemos. Só Deus tem essa informação, sabemos que Ele está ao nosso lado, temos fé suficiente para enfrentar a vida.
Mas, porque Ele nos ensinou a viver junto com alguém, e nos deixou ser tão feliz? A coisa mais difícil para mim é chegar em casa, abrir a porta e não ter ninguém para conversar... Você sabe o que é isso? Sei que muitas que leem esse artigo, já tiveram essa sensação.
Meu esposo, Pr. Belardin de Amorim Pimentel faleceu, e passados alguns meses, surgiram algumas pessoas interessadas em saber se eu queria casar-me de novo, e eu sinceramente, disse que não queria naquele instante, e ainda não quero hoje.
Mas, esse interesse de alguns, despertou-me para o fato de muitas mulheres, divorciadas, viúvas, ainda jovens que querem se casar, ficarem temerosas... Começar uma nova experiência? Arriscar-se mais uma vez? Outro pai para os seus filhos? Segurança financeira? Quantos motivos!
A primeira resposta será alcançada ao saber a vontade de Deus para a sua vida. Qual é a vontade d’Ele para você? Muita oração, muita Leitura bíblica e muitas horas de comunhão com Deus, serão necessárias, para obter um discernimento correto sobre esse assunto.
Ruth, a moabita, era viúva, resolveu ficar com sua sogra, e por causa dessa decisão, teve de voltar com ela para uma terra desconhecida, numa época de fome e miséria para sua família. Mas interessante, é que ela não se isolou, ou permitiu que a depressão e a tristeza tomassem conta de sua vida. Ela seguiu trabalhando e se comunicando com o mundo. Quando encontrou Boás e despertou o seu interesse, não podia casar-se com ele, pois, por lei pertencia a outro...
 Que confusão! Mas o final é que Boás, lutou por ela, adquiriu o direito ao casamento e assim, com ela constituiu uma nova família, sem nenhum trauma, mas com gratidão a Deus. Ela então, por assumir a continuidade da sua vida, entrou na linhagem do nosso Senhor Jesus.
Ao ler a história, observamos o fato de que em nossos dias não é tão fácil arranjar um pretendente, como nos dias de Ruth que tinha dois... Por isso, o fato de ficar só sem o marido, afeta muito qualquer mulher em todos os aspectos de sua vida, emocional, material, social e espiritual, 
1.      Emocional, por que no casamento levamos algum tempo para aprender a viver junto, e com a morte do cônjuge, é preciso aprender de novo a viver só.
2.      Material, porque a pensão, será menor do que o que era recebido antes, e também você não terá mais a ajuda física do seu marido.
3.      Social, você agora será uma pessoa só, muitas vezes esquecida por outras pessoas com as quais esperava contar nessa fase, e infelizmente, até evitada por outras que a veem como ameaça aos seus relacionamentos.
4.      Espiritual, muitas vezes, você estará desanimada de ler a Bíblia, de orar até de crer, devido a falta que sente do seu cônjuge, mas aprenderá com o tempo que só com a ajuda de Deus, com a leitura da sua Palavra e com o tempo que dedicar para uma melhor comunhão com o Senhor, é que terá sucesso em atravessar essa difícil fase na sua vida.
 O luto pode durar até seis anos, de acordo com as caraterísticas de sua personalidade. Asvezes nos enganamos com pessoas que aparentemente se ergueram depois da perda, e de repente, quando ninguém espera, desabam.
O que elas menos precisam nessa fase é de julgamentos prontos. A família terá o papel principal quanto ao apoio e ao encorajamento, por que decisões antes compartilhadas, agora terão de ser tomadas individualmente, e o assumir dos resultados não será também mais dividido, mas cairá com todo peso sobre os seus ombros.
O fato de morar sozinha, traz consequências boas e más:
As boas são; O fato de não ficar dependente dos outros e o assumir o controle de sua vida.
As más; Quando ao morar com os filhos, deixar escapar de suas mãos o controle da sua vida; ou quando não valorizando as coisas pequenas, perdemos o que foi acumulado em anos de vivência com o esposo que se foi; ou ainda quando esquecemos o compromisso com a nossa própria vida, e queremos resolver problemas de filhos e netos, esquecendo que temos um futuro bem próximo de incertezas à nossa frente.
Mesmo quando as pessoas por sua personalidade forte se adaptam muito bem à nova realidade, e são acolhidas, ainda assim, sempre será, uma nova realidade difícil de enfrentar. Com muita calma e oração como já dissemos anteriormente, é que deverão ser tomadas decisões mais importantes. 
A viuvez traz surpresas inesperadas para a mulher, antes dependente, e que de repente, passa a duras penas, a ser a administradora do lar. Muitos problemas surgem por causa de não saberem lidar com esse fato. Uma ajuda será necessária, até que brote a capacidade de andar com os próprios pés. Eu falo isso, por experiência própria: saí de minha casa, fiz uma mudança que depois me arrependi, tendo que desfaze-la, e com isso, gerei um custo com o qual tive de arcar. Errei depois em muitas outras coisas, pois estava acostumada a compartilhar e não em dirigir e ser responsável por todas as decisões tomadas.   
O difícil é que temos de falar com pessoas, fazer amizades, numa hora em que na maioria das vezes, queremos estar sozinhas. É muito difícil lutar contra nós mesmas... As pessoas de fora, não entendem o que se passa no nosso interior e fazem mil sugestões, que não nos ajudam em nada, embora reconheçamos que essa era a intenção. No período do luto, parece que só queremos ficar com as nossas lembranças, e qualquer coisa diferente parece ser um sacrilégio, é como se fosse um pecado o fato de termos continuado a viver. Muitas pessoas, ignorantes desse fato, querem ou são aconselhadas a pular essa fase normal do luto, só que isso, em vez de ajudar, prejudica o indivíduo.
 A solidão, é doída, mas, tem que ser enfrentada com sabedoria, coragem e determinação porque ela pode ser a porta para uma depressão terrivelmente perigosa em todos os sentidos.  Não podemos nos entregar a tristeza, mas respeitar os momentos em que ela vier com naturalidade, chorando ao sentir vontade, não guardando nada no coração, deixando o sentimento fluir e aos poucos, transformando-o em algo benéfico e restaurador. Você irá perceber que a dor vem cada vez menor, se tornando mais leve e suave. É claro, que as lembranças boas vão ficar, mas virão não mais acompanhadas pelo sofrimento. Teremos de nos conscientizar e tomar posse da permissão divina na continuidade de nossas vidas, e isso nos mostra que a nossa missão ainda não acabou. Temos então que deixar os “porquês” e descobrir o que Deus ainda espera de nós?
Muitas mulheres ainda novas, ficam viúvas, e muitas delas, tem o desejo de casarem-se novamente, mas, tem medo por muitas razões... Como enfrentar uma nova experiência? Eu aconselho que seja só com a aprovação do Senhor, por que isso, não é uma decisão que pode ser tomada de maneira apressada, pois, existem muitos fatores a considerar:
1)      O casamento em segunda estancia deve ser feito, com separação total de bens, pois assim, não trarão problemas para os filhos ou para a família.
2)      Total conhecimento da pessoa com a qual será feita a união, com relação a saúde ou a parte financeira de ambos para que seja conhecida a realidade que será enfrentada.
3)      Total comunhão espiritual, social e emocional quanto aos alvos de cada um.  É necessário um conhecimento profundo da outra pessoa.
4)      Total comprometimento com a verdade em relação a conversar sobre qualquer assunto antes que ele se torne um problema.
5)      Um compromisso de abandono às comparações com o passado, pois a experiência em questão será completamente nova, sem nenhuma ligação com a vida anterior de ambos.
6)      As duas partes devem buscar ao Senhor para n’Ele encontrarem a Sua aprovação.
7)      Não se case por segurança financeira, só se case por amor, o nosso sustento vem do Senhor que conhece todas as nossas necessidades e provê tudo o que precisamos.
8)      Se você tem filhos menores, avalie bastante o caráter, a personalidade, as convicções, o compromisso espiritual que a outra pessoa tem com Deus, pois é essa pessoa que você vai colocar dentro da sua casa, e oferecer aos seus filhos como pai.

Mas, se você decidiu seguir a sua vida sozinha, peça a Deus também a sua orientação e viva na Sua dependência. Organize-se, construa metas a serem atingidas e vá conquistando-as passo a passo. As cartas de Timóteo e Tiago nos provam o quanto Deus, tem cuidado conosco, as viúvas. Por isso, temos de confiar no Senhor.
         Na multiplicidade de dons, certamente Ele dotou a você com alguns deles, use-os para servi-Lo, no Seu reino, encontre a felicidade em ajudar aos outros. Procure sentir alegria em servir, reparta a sua habilidade.
          Então, concluímos que o fato de ser feliz de novo, não está em casar-se novamente ou ficar só, a resposta a essa questão, está no ensino de Jesus quando nos diz que fazer o bem, nos traz alegria. É quando descobrimos o outro, independente de nos casarmos ou não, e fazemos algo em prol de sua felicidade é que ganhamos um bem estar sem fim,

         Às vezes, com atitudes simples como ouvir, visitar, orar ou dar alguma ajuda necessária... Temos que procurar a felicidade dentro de nós mesmas, e ao encontrá-la, aí sim, poderemos reparti-la com as outras pessoas, independente, de ser cônjuge, ou não.
          Viver só, não é fácil, exige um aprendizado a cada dia, mas se tivermos paciência, aos poucos com a ajuda e orientação de Deus, subiremos cada degrau com segurança e assim aos poucos, nos tornaremos capazes de tomar posse do nosso novo estilo de vida.

Leituras sugeridas:
 O livro de Ruth; Salmo 46; Salmo 34; Salmo 40; Salmo 90; salmo 91; Salmo 126; Salmo 136. Cartas de I Timóteo e a de Tiago. Se quiser falar mais sobre o assunto, estou à sua disposição heloizapimentel@yahoo.com.br.

                        
         


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